sábado, 29 de setembro de 2007

Encontrei nos seus olhos...


Depois de estacionar o carro comecei a andar muito rápido. Queria fazer as compras e ir embora, não estava para perder tempo.
De tão rápido que ia tropecei numa mulher que estava sentada no chão a pedir esmola.
Levantei-me e quando ia começar a perguntar o que ela fazia ali, olhei nos seus olhos... as palavras não saíram da minha boca.
Os olhos desta mulher de meia idade roubaram-me as palavras da boca, suplicaram-me silêncio e atenção.
Esqueci-me de tudo o resto que tinha para fazer. Sentei-me a seu lado e agarrei na sua mão.
O resto do mundo parecia não existir.
"Para onde vais?" perguntou ela.
"Já não sei!"- respondi eu com a voz quase sumida.
"Sabes!"- ao dizer isto fez-me sinal para eu seguir.
Levantei-me e coloquei algum dinheiro na caixa de cartão que estava à sua frente.
Ela agradeceu e disse que já não precisava de nada.
Segui e quando cheguei à porta do supermercado senti que não era ali que deveria estar.
Voltei para trás e a mulher já não estava ali.
Segui para o carro.
Comecei a ouvir a musica abafada do telemóvel dentro da mala.
Atendi - "Estou?"
E quando ouvi a voz do outro lado disse: "Hoje encontrei Deus!"

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Um pequeno gesto


Depois dos nossos muitos Martinis fomos finalmente para a mesa.
Os noivos passaram entre gritos e aplausos, até que todos nos sentámos.
Era um dia de euforia, dançámos e cantámos... foi muito divertido.
A certa altura, ele sentou-se diante de mim. Tirou umas flores dos arranjos de mesa e fez um pequeno bouquet. Despediu-se de todos e saiu... A namorada não pôde ir à festa e ele não se esqueceu dela (levou-lhe flores).
Naquele momento em que admirei tudo isto pensei "Será que um dia alguém fará isto por mim? Fazer uma pessoa feliz custa tão pouco... Será que um dia vou estar com alguém que se vai lembrar de mim quando não estou? Será que se vai lembrar que estas pequenas coisas me podem fazer feliz?"
Um gesto simples, um pormenor... que fez o todo!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Estou cansada...


Será que as pessoas sofrem porque querem?
Porque se deixam magoar...
Porque se deixam enganar...
Porque se deixam iludir...
Porque é que as pessoas mentem tanto?
Porque é que mentem e ainda querem que as outras passem por loucas?
Porque é que sorriem e depois dão facadinhas nas costas?
Porque é que dizem que te respeitam e depois te pisam?
Onde está o amor no meio de tudo isto?

Hoje estou tão cansada deste ser humano que faz tudo isto.
Talvez sejamos todos um pouco assim...

Já não tenho lágrimas... mas posso chorar?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Para sempre é muito tempo



Que saudade tenho de te olhar...
Que saudade tenho de te ver...
Que saudade tenho de te ouvir...
Que saudade tenho de te escutar...

Porque para mim tu não olhas...
Porque a mim tu não vês...
Porque a mim tu não ouves...
Porque a mim tu não escutas...

Dei-te o melhor de mim
Entreguei-me a ti
E estavas aqui?


Queria amar para sempre
mas...
para sempre é muito tempo!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O encontro (2ª parte)


Levantei-me para pintar o pôr do sol. Pode parecer estranho, mas estive deitada toda a tarde. De inicio, era só para descansar um pouco após o almoço, mas depois fiquei sonhando toda a tarde. Até que, já em pé segui até à praia.
Ainda não estava instalada quando oiço um "olá".
Meus lábios abriram-se formando um enorme sorriso. Era novamente Fernão Capelo Gaivota.
Voamos hoje?- perguntou ele.
Não pensei que entre o Aqui e o Agora nos encontrássemos tão rápido. - respondi eu surpresa por o tornar a ver.
Não pensaste que entre o Aqui e o Agora fosse real... - disse ele sorrindo e continuou - Vamos?
Nisto partimos rumo ao infinito.
Mais uma vez passamos todo o tempo em silêncio, voando sobre o mar. Quando voltamos já a noite tinha caído.
Nunca pensei que voar fosse tão simples! - disse eu mal poisei os pés no chão.
É simples, mas não é fácil! É preciso acreditar e ter fé nas nossas capacidades. É preciso ter coragem de apostar em nós mesmos, mesmo quando nos dizem que não é possível. - disse-me o meu instrutor e enquanto ele me dizia estas palavras sentei-me e disse-lhe - Contigo aprendi que não há impossíveis, que um sonho não tem que ser apenas um sonho e que tenho fé em mim!
Então cumpri a minha missão! Novos voos te surgirão... aprenderás muito mais coisas. - disse ele com ar de satisfação.
Isso quer dizer que não nos veremos mais? - perguntei.
Esqueceste-te do que te ensinei? Não há impossíveis! Nada tem que ser definitivo. Até um dia! - nisto desapareceu no meio da noite escura.
Sei que não o tronarei a ver tão cedo... mas fiquei com o coração preenchido... de mundos novos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O encontro

(G. Cabaça)

Esta manhã saí tão rápido de casa que nem reparei que não tinha chaves.
Joguei a mão ao bolso do casaco, depois dentro da mala... e nada.
Sem chave de casa e sem chave do carro.
Decidi continuar a pé.
Enquanto me detinha nos meus pensamentos comecei a ouvir um som estranho...
“Psssst, pssst, pssst”
Olhei para trás e nada.
“Psssst, psssst, psssst”
Olhei novamente... nada.
“Mas quem estará a fazer isto?”– pensei.
“Pssst, pssst, psssst”
Desta vez já meio irritada olhei para trás, não estava ninguém...
Até que oiço uma voz:
Já pensaste olhar noutra direcção?
Nisto olhei para cima.
Eis quando o vejo diante de mim.
Meu Deus!- exclamei.
Tinha diante de mim Fernão Capelo Gaivota.
O que fazes hoje?- perguntou ele.
Não sei... parece que estou sem rumo...- respondi.
“Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo como de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos voar!”- enquanto me dizia estas palavras Fernão Capelo Gaivota desenhava circulos no ar.
Eu conheço essas palavras... eu já li isso...- disse eu sorrindo.
Vais ficar por ai? Sem rumo?- perguntou-me ele.
Para onde queres que vá?
Vem comigo!- disse ele sorrindo em direcção ao profundo azul do céu.
Comecei a rir e disse - Mas eu não sei voar!
“Não acredites no que os teus olhos te dizem, porque te mostram apenas ilusões. Serve-te da tua inteligência e observa, descobre o que já sabes e descobrirás uma maneira de voar.”- disse ele fixando os seus olhos nos meus.
Quando dei por mim estava a voar...
Fomos os dois juntos em direcção ao mar...
Voamos em silêncio, apenas sentindo a brisa fresca que nos beijava o rosto.
Quando voltamos, antes que conseguisse dizer alguma coisa, o meu instrutor de voo sorri e diz – “Se a nossa amizade depende de coisas como o tempo e o espaço, então, quando finalmente os houvermos superado, teremos destruído a nossa irmandade! Supera o espaço e restar-nos-á apenas um Aqui. Supera o tempo e restar-nos-á apenas um Agora. E entre o Aqui e o Agora, não achas que podemos tornar a ver-nos algumas vezes?”
Claro que sim senhor instrutor!- disse eu prontamente com um enorme sorriso nos lábios.
“ Tens de compreender que tu és o teu próprio instrutor. Necessitas de encontrar-te a ti mesma, um pouquinho mais, a cada dia que passa.”- afirmou ele.
“Eu sei... obrigada!”
Vemo-nos amanhã à mesma hora.- ao dizer isto saiu disparado em direcção ao céu.
Não sei se o volto a ver... mas valeu a pena!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Mad World

O mundo é mesmo um lugar estranho...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Nada


O grito sufoca na garganta...
As palavras deixam de ter sentido...
São só palavras?
Nada é apenas aquilo que é.
Ou será?

A dor envolve o meu peito
Abraça o meu coração
Beija-o...
Diz-lhe baixinho “olá”.

Quero sair...
Sair deste lugar...
Sair desta vida...
Sair de mim...
Quero esquecer esta dor...
Quero esquecer a minha vida...
Quero esquecer o dia em que te vi...

Agora?!
Não quero saber se amo demais...
Não quero saber se é melhor não amar...
Não quero saber se é fácil amar...
Não quero saber se é fácil esquecer...

Nada diminui a minha dor...
Nada pode mudar a minha vida...
Porque nada pode fazer-te amar...

sábado, 1 de setembro de 2007

Hoje...


Hoje deves parar.
Talvez o mundo já corra demais.
Hoje deves ouvir.
Talvez interesse a opinião dos outros.
Hoje deves olhar.
Talvez haja alguma novidade fora de ti.
Hoje deves dar.
Talvez o que te sobre falte a alguém.
Hoje deves falar.
Talvez tenhas alguma coisa boa a dizer.
Hoje deves rezar.
Talvez tenhas necessidade de um Pai.
Hoje deves pensar.
Talvez te seja útil um auto-retrato.
Hoje deves cantar.
Talvez a alegria te encurte o caminho.
Hoje deves comungar.
Talvez tenhas um sorriso a partilhar.
Hoje deves receber.
Talvez o outro precise de amar.
Hoje deves caminhar.
Talvez te encontres com alguém na vida.
Hoje deves sorrir.
Talvez alguma flor esteja a precisar de sol.
Hoje deves começar.
Talvez amanhã seja tarde.
Hoje deves renascer.
Talvez tenhas nascido apenas.
(Obrigada mãe por me enviares isto e me lembrares do que muitas vezes estou esquecida)