quarta-feira, 10 de novembro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desappear here

Tu olhas para mim e ris.
A máscara cai e tu escondes-te atrás dos ramos duma árvore.
Estamos num sítio tão alto hoje.
Empurras-me sem eu dar conta.
Eu sinto-me cair...
De repente olho o abismo lá em baixo.
Cair não é uma opção.
Tento vir para cima e agarro-me a um ramo duma árvore.
Volto a sentar-me.
Outros passam por mim sem me ver.
Ninguém me vê.
O abismo fecha-se e o sol brilha.
Eu já cai sem ter reparado.
Eu simplesmente desapareci.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tic-tac

Tenho andado muito ocupada com uma tese sobre "doces".
Precisava de mais Tempo...
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Está a dar muito trabalho e é cansativo.
Por vezes tenho vontade de mandar tudo ao ar e ir embora, mas não tenho Tempo.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Para ajudar, ontem levei um tiro no peito.
Quando olhei para mim, tinha um buraco enorme que por pouco falhou o coração.
Passou ao lado, mas deixa a parte lateral do coração quase a descoberto.
Não me desviei, não estava à espera, não era Tempo.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Quis lamber a ferida, mas não deu Tempo, tive que voltar para a tese.
Ignorei a ferida, ela há-de sarar por si, é uma questão de Tempo.
Não doi, não há Tempo para isso.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Hoje: O começo de um novo dia.
Enquanto sorria, senti o perfurar profundo vindo de trás.
Levei outro tiro, este pelas costas.
Foi certeiro num dos pulmões.
Com um pulmão ainda respiro, mas com alguma dificuldade. Levo mais Tempo.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Olhando pela frente, fico com dois buracos no peito.
De certa forma já esperava levar um tiro nas costas, já era Tempo.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Continuo sem Tempo para lamber as feridas.
Talvez ignorando, os buracos cicatrizem.
Porque a vida continua e o Tempo tudo cura.
Amanhã mais do mesmo?!
Quantos mais tiros conseguirei aguentar?!
O Tempo o dirá!
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.
O Tempo esgota-se, para tudo e para todos.
Tic-tac...
Tic-tac...
Tic-tac...

O Tempo é uma bomba em forma de relógio.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Já gritei bem alto... há muito tempo...

Mas mesmo assim...

Tu não me Vês!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Capuchinho & Cordeiro/Lobo

Era um dia de sol e o Capuchinho Vermelho (CV) ia pelo bosque. A dada altura encontrou um cordeirinho e ficou a falar com ele. Ele tinha um pelo macio e era muito simpático. Quando reparou que já estava a anoitecer resolveu correr para casa porque tinha a avó à espera.
No dia seguinte foi ao mesmo sítio para ver se encontrava o cordeirinho. Esperou, mas o cordeirinho não apareceu. Resolveu sentar-se um pouco e comer uma maçã.
Começou a cantarolar e enquanto cantarolava aproximou-se o Capuchinho Amarelo (CA). Cumprimentaram-se e o CA. perguntou: O que fazes aqui?
CV: Vim passear.
O CA não ficou satisfeito e resolveu insistir dizendo: Que estranho. Nunca te vi por aqui... e sozinha.
O CV não queria contar que tinha visto o cordeirinho e disse: Está um dia tão bonito e resolvi vir dar um passeio e sentei-me mesmo agora para comer esta maçã.
O CA sentou-se ao pé do CV e começou a dizer: Eu costumo encontrar aqui um cordeirinho, mas que ele já não vem aqui porque se foi embora com o Capuchinho Rosa (CR). Por acaso nunca o viste?
CV: Porque me perguntas isso?
CA: Porque ele vem muitas vezes aqui. Eu preciso mesmo de saber se por acaso não o viste. Eu depois digo-te a razão.
CV: Vi.
CA: E falaram?
CV: Vi, foi isso. Porquê?
CA: Já estava desconfiada... ele anda a iludir Capuchinhos, diz o mesmo a todas.
CV: A mim não.
CA: Como não? Gosta de mim, vem ter contigo e ainda se foi embora com o CR. Sabias do CR?
CV: Não sabia, nem tenho que saber da vida do cordeirinho.
CA: É um lobo com pele de cordeiro.
E o CV resolveu ir para casa porque já era tarde e mais uma vez tinha a avó à espera.

Resumo: A partir duma certa idade já não há paciência para a história do Capuchinho.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Nature Boy

There was a boy
A very strange echanted boy
They say he wandered very far, very far
Over land and sea
A little shy
And sad of eye
But very wise
Was he

And then one day
A magic day he passed my way
And while he spoke of many things, fools and kings
This he said to me
"The greatest thing
You'll ever learn
Is just to love
And be loved
In return"

"The greatest thing
You'll ever learn
Is just to love
And be loved
In return"

by Eden Ahbez (1947)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vino Chianti di Toscana
Miradouro Portas do Sol
Boa Companhia
... ... ...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudades do Castelo

Desde que deixei o castelo que a minha vida não é a mesma...
Eu sou um gato com classe...
Eu deveria ser tratado como um príncipe ou mesmo como um rei.
Mas as pessoas não sabem reconhecer um verdadeiro Senhor, salvo seja, Gato!
Eu a querer entrar num restaurante de última categoria e não me deixam... Acham isto normal?!
Eu não me dou por vencido, vou tentar outra vez...
- Desculpe, mas creio que se equivocou... Eu pretendo fazer uma refeição no seu estabelecimento, a qual posso pagar.
Este homem não pode estar bem... Diz que aqui não entram gatos.
- Eu não sou um gato qualquer. Sou...
Interrompeu-me para me dizer que não lhe interessa que tipo de gato sou.
Sinto o pelo a eriçar... puxo dos bigodes e avanço.
Trava-me com uma vassoura e chama-me "Gato parvo"
- Parvo com certeza, porque não sou de grande porte. Como o Senhor sabe parvo vem do latim parvus que significa pequeno.
Olha para este marmelo... virou-me as costas, deixou-me a falar sozinho e ainda me fechou a porta na cara.
É o que eu digo, esta gente não tem porte. Não querem aprender, não são educados e não são civilizados.
Meu belo castelo... acho que vou voltar...
Prefiro a princesa que é dramática, mas sabe estar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Le rogó a Dios que le concediera al menos un instante para que él no si fuera sin saber cuánto lo había querido por encima de las dudas de ambos, y sintió un apremio irresistible de empezar la vida con él otra vez desde el principio para decirse todo lo que se les quedó sin decir, y volver a hacer bien cualquier cosa que hubieran hecho mal en el pasado."

by Gabriel García Márquez
in El amor en los tiempos del cólera

quarta-feira, 23 de junho de 2010

E...

E afinal era tudo mentira...
Sim! Mentira!
Eu, um gato bonito e cheio de charme, aldrabado assim... Não pode ser!
Passo a mão pelos meus bigodes e entro no Castelo.
Esta princesa vai ouvir poucas e boas.
Tenho que ter cuidado... estes ranhosos destes guardas estão sempre de olho aberto.
Lá vai a malandra.
Vou segui-la!
Ah! vais cantando para o quarto... já te caço...
Entro-lhe dentro do quarto, cruzo os braços e encho o peito de ar para começar a falar.
Ela não deixa...
Fo#$%&$#%%$!!! Esta gaja não se cala!
Parece que ligou o turbo e as palavras lhe saem todas ao mesmo tempo da boca.
Já me perdi!
Interrompo-a.
Digo-lhe que já não me pode voltar a usar para mandar mensagens ao príncipe.
Ainda está admirada, mas que lata. Quer saber a razão dum afronto destes.
Vou dizer-lhe. Vi-a aos beijos com o coveiro.
O príncipe rico, loiro, de olhos azuis e a tipa com o coveiro que tem as mãos cheias terra até ao sabugo e vazias...
Não se entende.
Começou a blasfemar numa língua qualquer.
Chora... grita... salta... chora outra vez... ri.... e por fim cai na cama.
Nem quero perceber o que se passa.
Não tenho paciência para melodramas baratos.
Vou sair e deixa-la sozinha para ver se aclara as ideias.
Eu sou um gato giro, com a agenda preenchida, não tenho paciência para psicoses humanas...
Porque afinal era tudo mentira...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Roma


segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Engano

Cheguei à entrada
Peguei na chave para meter na porta
Eis que a porta estava entreaberta
Empurrei-a e entrei
Veio ao meu encontro uma lufada de ar
Quente e pegajoso
Senti...
Um cheiro forte... canela, ylang ylang, sândalo, gerânio, rosa...
Mais algum que não consegui identificar
O aroma de mudança

A porta do quarto à minha frente
Fechada
Baixinho convidava
Aproxima-te, abre-me, entra...
Aproximei-me
Abri-a
Estava quente e húmida
Entrei

A cama desfeita
Os lençóis manchados de suor
O som dos gemidos
Risadas
A tensão do desejo
O cheiro a sexo

Saio do quarto
Dirijo-me à porta sem olhar para trás
Detenho-me
Fecho os olhos
Respiro fundo
Olho para trás

Esta casa... não é a minha!